terça-feira, 31 de julho de 2012

Entrevista do Ministro do Esporte ao portal UOL

“Acho que as instituições que governam o esporte no Brasil e o futebol precisam passar por um processo de democratização e de modernização compatíveis com a evolução da sociedade e as exigências do próprio esporte. Acho que os resultados, em havendo democratização e profissionalização, vão aparecer”, disse Aldo Rebelo, em entrevista concedida na residência oficial do embaixador do Brasil no Reino Unido, onde fica mais alguns dias para ver os Jogos Olímpicos. 

UOL Esporte – Em termos de esporte, é possível imaginar o Ministério do Esporte cobrando mais de perto esportes como a natação, que receberam verba pública mas fizeram tempos abaixo de suas próprias melhores marcas aqui em Londres?

Aldo Rebelo -
Os ingleses também esperavam muito de um ciclista consagrado e ele não teve o desempenho esperado [Mark Cavendish]. Mesmo seleções como a Espanha e o Uruguai [no futebol], sobre as quais se tinham grandes expectativas. Essas coisas têm essa explicação mais geral. O resto depende de planejamento muito detalhado, muito minucioso, que envolve toda a preparação do atleta, a participação dele em um circuito internacional de competições, que o deixe em condições de disputar a Olimpíada já conhecendo os possíveis adversários que vai enfrentar, as condições da competição, o equipamento. O trabalho que estamos fazendo com o COB, com as confederações, com o ministério da defesa e com os próprios clubes é para que nossos atletas tenham até 2016 a experiência necessária, a participação em competições e o apoio com a criação do bolsa-técnico. O Brasil não pode ser apenas o país-sede, que dê exemplo de acolhida, de organização, mas precisa que o quadro de medalhas mostre o Brasil em sua condição de sede, com o status de país-sede.

UOL Esporte – O senhor é favorável ao projeto de lei que tramita na Câmara e sugere um limite para o número de mandatos para dirigentes esportivos?

Aldo Rebelo -
Sou. Aliás, sempre fui.

UOL Esporte – Mas o senhor hoje lida com cartolas que não concordam com ele, ou ao menos não seguem o que ele prega.
 
Aldo Rebelo – Eu respeito a posição dos dirigentes e o seu ponto de vista, da mesma forma que espero que eles respeitem também o meu.

UOL Esporte – Nessa linha de raciocínio, que prejuízos o esporte tem quando no topo da organização, no comando do COB, está uma pessoa que vai completar 21 anos de poder em 2016?
 
Aldo Rebelo - Os lucros e os prejuízos qualquer jornalista inteligente pode verificar. Eu não vou personificar a questão. Vou tratar como uma tese. Acho que as instituições que governam o esporte no Brasil e o futebol precisam passar por um processo de democratização e modernização compatíveis com a evolução da sociedade e com as exigências do próprio esporte. Acho que os resultados, em havendo democratização e profissionalização, vão aparecer. Não é apenas por uma questão de participação, de direito democrático. É também por isso, mas é pelo que pode ser obtido. Pela valorização dos clubes, de suas marcas, da ampliação da renda, do aumento da confiança dos parceiros nas instituições que gerem o esporte e o futebol. Eu só citei benefícios. Não vejo que prejuízo poderia trazer para o esporte ou para os clubes.

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