sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Contratamos o técnico certo?

Legião estrangeira

Por Leonardo Meireles, é jornalista cobriu os Jogos Olímpicos de Atenas em 2004.


Há uma coincidência nos melhores resultados esportivos brasileiro mais recentes. Observem:


César Cielo, na natação, por exemplo, construiu sua carreira nos Estados Unidos, com treinadores norte-americanos e australianos;


Fabiana Murer, no salto em altura, é treinada pelo ótimo Elson Miranda, mas tem consultoria do ucraniano Vitaly Petrov, desde 2001;


A xará, Fabiana Beltrame, campeã no remo, tem o francês José Oyarzabal como técnico;


E na noite de quarta-feira, o basquete masculino brasileiro conseguiu o feito de bater a Argentina na casa deles, pelo Pré-Olímpico de Mar del Plata. E quem estava comandando do banco? O espanhol Rubén Magnano.


É um caminho para o esporte brasileiro socorrer-se de técnicos estrangeiros?

É o melhor caminho?


Explicação:


No site do Comitê Olímpico Brasileiro, na parte da prestação de contas da Lei Agnelo-Piva (sic), a explicação oficial é de que, sim, é o melhor caminho, e apresenta a explicação:


“A contratação de técnicos estrangeiros permitiu a melhoria do nível de treinamento dos atletas e a transferência de conhecimento. O interesse dos técnicos estrangeiros de vir para o Brasil demonstra o crescimento do esporte nacional”.


Em 2000, eram nove treinadores gringos no comando de nossas seleções. Em 2010, o número cresceu para 52.


Mas vamos ignorar os 16 técnicos dos times de desportos na neve e no gelo – dificilmente teríamos profissionais gabaritados minimamente nessas áreas. Vamos ficar com 36 das outras modalidades.


E aí surgem perguntas: o treinador estrangeiro realmente possui algum tipo de conhecimento que o treinador brasileiro não possui?


Em caso positivo, o que fazemos com os nossos treinadores? Deixamos de lado ou o encaminhamos para cursos no exterior, a indispensável reciclagem?


A propósito, nos anos 70, quando o assunto “esporte” estava vinculado ao Ministério da Educação, técnicos de atletismo brasileiros passou por longo treinamento na escola Alemã.

O professor Mário Cantarino, decano entre eles, estava no grupo. Pois nos anos seguintes foram os melhores do atletismo nacional, mesmo numa época de "cofres vazios”.


Esquecemos que, aqui, também existem profissionais capazes de realizar um trabalho de qualidade?

Esquecemos que centenas de abnegados, como o professor Giovani Casilo, dos saltos ornamentais, em Brasília, sofrem com a falta de estrutura? Com a falta de apoio para eles mesmos se atualizarem?

Que programa, afinal, temos neste sentido, agora em tempos de recursos públicos à vontade?


Não é uma questão de xenofobia esportiva: ótimo aprender com treinadores tão qualificados, como os técnicos cubanos que, com suas próprias dificuldades, conseguiram vencer no mundo do boxe.

Também não é o caso de colocar técnicos na frente dos atletas, com destaques de estrelas – como acontece no futebol.


É simplesmente dar crédito, valorizar profissionais que suportaram os piores momentos – da falta de recursos – e, PR isso, merecem atenção como os atletas.

Gente que carregou nas costas a formação de diversos campeões, inclusive bancando despesas de transportes, alimentação, enfim, e, agora, ainda na dificuldade, continuam descobrindo estrelas.

Mas que não podem “ajudar” além disso porque não possuem a chance para progredir, em tempos de cofres cheios de recursos públicos.

Que as conquistas dos atletas brasileiros também venham com o crescimento dos treinadores. Eles são fundamentais, e não podem ser ignorados na importância que tiveram e têm para o nosso esporte em geral.


Postagem de Leonardo Meiorelles no blog do José Cruz de 09/09/2001 - às 9h01, situado dentro do site: www.uol.com.br.


Reportagem veio coincidentemente quando existe um questionamento sobre a atuação de nosso técnico estrangeiro no polo aquático Percebemos que todos os esportes que contrataram realmente excelentes técnicos estrangeiros,melhoraram sobremaneira nos confrontos mundiais. A reportagem tem dois erros: O técnico do basquete masculino é ARGENTINO. E a contratação de técnicos estrangeiros é incentivada pelo COB, que em contrapartida aumento o repasse de verbas.

2 comentários:

Anônimo disse...

que isso pessoal,vcs não acham o julio da escola naval bom técnico???nem o henrique do botafogo???mais temos excelentes técnicos cubanos que vem há décadas vem revolucionando o nosso polo poxa...parece até brincadeira né!!!!
E aí beiçola nosso grande coordenador de seleções,qual é a nova piada??????não me espantaria ver mais apadrinhados nas próximas excursões que vcs fazem pelo mundo.cbda,deveria se chamar tio beiço ou beiçola barros turismo

Anônimo disse...

acho que a questão da falta de investimentos em técnicos coincide bastante com a questão dos professores. O que acontece aqui no Brasil é que os professores de escolas, assim como os técnicos, na verdade são humilhados, deixados de lado apesar de querermos melhores estudantes e atletas. A questão é: como formar bons atletas e estudiosos se não há investimento naqueles que dedicam suas vidas a isso?