CHEFE DE MISSÃO X CEO
- Até 2008, Marcus Vinícius (na foto ao lado do presidente do COB, Carlos Nuzman, em 2000) foi chefe de missão do Brasil nos grandes eventos, como Olimpíadas e Jogos Pan-Americanos. Guadalajara-2011 é o primeiro após a passagem do cetro para Bernard Rajzman, outro ex-jogador de vôlei.
Um dos motes do trabalho de Marcus Vinícius Freire como superintendente do COB é a profissionalização. Um dos projetos criados foi o Time Brasil, para ajudar na preparação dos atletas para grandes eventos. Idealizado em 2009, começou a funcionar em 2010, com R$ 5 milhões. Em 2011, os investimentos subiram para R$ 18 milhões.
"Não posso mais cortar, mas tenho de dar, no mínimo, um suporte igual ao dos melhores do mundo para nossos atletas. Hoje, o que o Brasil tem é o que o alto nível tem lá fora. Austrália, Alemanha, Estados Unidos. Queremos acabar com o "se". "Se eu tivesse treinado na altitude", "Se eu tivesse o melhor tênis", "Se eu tivesse o técnico coreano". Nessa hora, nós perguntamos: qual o nome desse coreano?".
Textos da Entrevista ao site www.uol.com.br
O Pan de Guadalajara é o primeiro em que você não é chefe de missão. O que mudou?
De 99 a 2008, eu era voluntario no COB. Quando parei de jogar, me formei em economia e fui trabalhar em banco e seguradora. Nos últimos 15 anos, trabalhei como executivo e tirava férias para trabalhar aqui. Foi assim em Sydney, em Atenas, em Pequim, na República Dominicana, no Rio. No fim de 2008, fui convidado para assumir o cargo de executivo do COB. O objetivo era juntar as duas experiências, dos 16 anos em que fui jogador de vôlei com os 15 anos como executivo. É uma função completamente diferente.
Como CEO do esporte nacional, você assume funções que, no passado, foram do presidente?
Não. No COB, o presidente e o vice são voluntários. Nós temos dois executivos. Eu e o Sérgio Lobo, que é do administrativo e financeiro. O meu negócio é esporte. O presidente e o vice fazem uma função mais política e de relações internacionais e institucionais. Essa não é a minha. Meu negócio é esporte.
O que você mudou no modo como o COB trabalha desde que assumiu a função?
Hoje a missão brasileira é profissional. Ela era muito esportiva. Hoje, não é mais. Cada área tem seu especialista. Nosso gerente financeiro do COB é quem está cuidando dessa área na Vila. Antes, quem cuidava do dinheiro era um cara do esporte. Esse conceito foi mudado em função da profissionalização. Em La Loma, tínhamos uma menina especialista em eventos. E ela não precisa entender nada de esporte. Precisa entender de administrar um restaurante, de controlar a saída e chegada do material, da saída e chegada de pessoas. Quem montou todo o projeto Guadalajara nunca fez esporte.
Isso já é legado da organização do Pan de 2007 no Brasil?
O Pan no Brasil mudou a cara do esporte brasileiro. Dali pra frente, nós vimos que com ação profissional conseguiríamos ter mais parceiros. E junto com isso, veio a candidatura olímpica, que era para 2012 e virou 2016. E isso aglutinou mais ainda o interesse das empresas. Deu a possibilidade de profissionalizar, porque eu não posso ter profissionais se não tenho dinheiro para isso. Eu trabalhava em banco, não ganho o que ganhava em bônus, até porque a lei não permite bônus, mas tenho um salário. E, para montar a equipe, tinha de pagar um mínimo para tirar as pessoas das empresas em que elas trabalham. Não tiro ninguém de empresas grandes sem ter respaldo de grandes parceiros. Eu preciso saber que tenho um projeto não de três ou quatro anos, mas de dez anos. O Pan de 2007 deu essa garantia.
Apesar da profissionalização do COB, as confederações ainda engatinham nesse aspecto, certo?
Estamos apostando na qualificação de dirigentes. Mas, como não se paga, e pela lei os presidentes de confederações não podem ser pagos, ninguém se candidata. Quando eu trabalhava no banco, todo mundo queria o meu lugar e eu tinha de mostrar resultado para que um garoto mais novo que eu não assumisse minha função, trabalhando mais do que eu pela metade do meu salário. No caso das confederações, você tem a tendência de não ter candidatos.
E qual a saída para isso?
O caminho pode ser a criação do executivo. A ideia do COB, eu acho, quando montou o formato profissional, foi mostrar que esse modelo é possível. O cara pode ser presidente da confederação pela vida inteira se tiver um executivo trabalhando [em sua confederação]. Tem de profissionalizar para baixo.
Você falou que o presidente pode ser presidente a vida toda. Qual a sua opinião sobre limitar as reeleições em confederações?
Eu tenho duas teorias. A primeira é que, em quatro anos, você não faz nada em perfil internacional. Eu fiquei três Olimpíadas na minha função anterior. Na primeira, não conhecia ninguém. Na segunda, ninguém me conhecia. Na terceira, todo mundo me conhecia e eu conhecia todo mundo. Acho que menos do que uma reeleição, é difícil fazer um trabalho no nível internacional. O hipismo, agora, tem um problema assim. O presidente [Luiz Roberto Giugni] não poder ser reeleito, apesar do bom trabalho feito. Acho que o mínimo seriam dois mandatos. Mas a solução ideal é a feita pelo COI, com 12 anos. Quatro é pouco, para o nível internacional. Precisa de pelo menos oito. E 12 é o que eu acho o tamanho legal.
Você é contra, então, reeleições ilimitadas?
Cada caso é um caso. Muitas vezes você não tem escolha, não tem candidato. Isso é algo que estamos tentando melhorar com a qualificação. Temos um erro, no meu entender, ao dizer, na legislação, que não pode remunerar esse presidente. Diminui o número de candidatos. Acho que esse assunto deveria ser revisto. E muitas vezes, é pior obrigar um presidente a deixar o cargo do que manter o cara por lá. Pode ser pior a emenda do que o soneto. O negócio é que, juridicamente, cada confederação é independente. O remo é um exemplo disso. Deu poder para todo mundo, federações, técnicos e atletas, mas não conseguiu aprovar o novo estatuto.
Você, hoje, é o nome mais forte dentro do COB abaixo do Nuzman. O próximo passo é ser presidente?
Eu não tenho perfil. Minha função é executivo. Meu histórico é esse. Nunca fui votado para. E acho que não seria votado nem se tentasse.
4 comentários:
será que ele sabe o nome do nosso Croata? kkkkkkk
o chefe de equipe do polo aquático é o Ricardo Cabral e o mais absurdo que é o chefe do masculino e feminino e segundo fontes vai ganhar do COB 10000,00 para ser chefe de cada uma. São 20000,00 sem fazer nada.isso é uma vergonha!!!!!!
Mais uma ! Estão tentando tirar a bolsa atleta dos atletas que ganharam o sulamericano 2010. E isso ai
quem ganhou o sul-americano em 2010? já sei é bolsa atleta da argentina.....
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