A Autoridade Pública Olímpica e o jogo político
Quando desembarcar no Rio de Janeiro, em 7 de junho, para mais uma avaliação sobre os Jogos de 2016, a delegação do Comitê Olímpico Internacional ainda não terá uma autoridade brasileira para dialogar em nível governamental. Pelo menos oficialmente.
Dois meses depois de convidado para assumir a presidência do consórcio Autoridade Pública Olímpica (APO), o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, não foi nomeado para o cargo pela presidente Dilma Rousseff.
Para que Meirelles seja nomeado, o Senado Federal precisa aprovar o seu nome, depois de argüição pública, conforme a Lei 12.396, de 21 de março última, que criou a APO.
E por que o atraso?
Há quem garanta que Meirelles e o seu partido, o PMDB, insistem para que o cargo da APO tenha nível de ministro. Como o governo resiste à proposta criou-se o impasse.
Outro argumento: Meirelles seria candidato à prefeitura de São Paulo, na eleição do ano que vem, com o apoio do PSD, de Gilberto Kassab. Ou seja, ele teria que deixar as funções para participar da campanha.
Por isso, não seria oportuna a nomeação, e o Palácio do Planalto já estaria buscando outro nome. E isso é complicado, pois a Autoridade Pública Olímpica é um consórcio entre os governos federal, estadual do Rio de Janeiro e o municipal. Imaginem a dificuldade para chegar a um nome de consenso.
Até a crise envolvendo o ministro Antônio Palocci estaria contribuindo para a demora na ação do Senado.
Independentemente dos motivos, o governo falha no compromisso com o Comitê Olímpico Internacional, com riscos de atrasos nos cronogramas, por falta indecisões.
E quando tudo isso se resolver, ainda assim teremos outra disputa, que poderá significar novo atraso: no Senado, a comissão de Constituição e Justiça disputa com a de Educação, Cultura e Esporte o direito de sabatinar o nome indicado para Autoridade Pública Olímpico.
E no dia em que esse nome for aprovado começará, enfim a ser montado o gabinete da Autoridade Pública Olímpica: 160 cargos estão disponíveis. Novas disputas, claro.
Como se vê, os legados dos Jogos Pan-Americanos, em 2007, não foram suficientes para que avançássemos nas relações do esporte. Mesmo diante de compromissos internacionais tão sérios, a classe política continua fazendo o seu jogo. E que jogo!
Retirado do blog do José da Cruz - dia 22/05/2011 - às 0:16 horas
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