sexta-feira, 1 de abril de 2011

Polo Aquático no Jornal Correio Braziliense-DF

Matéria/postagem publicada ontem (31/03/2011) pela repórter Patrícia Banuth no jornal/site Correio Braziliense - 01/04/2011 - às 09:53 horas:

Polo aquático brasileiro articula formar uma associação nacional própria

Seguindo o exemplo bem-sucedido do basquete, modalidade quer bater de frente com a Confederação Brasileira


Pela primeira vez em 23 anos de mandato, o presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes, está com os poderes ameaçados. Descontentes com a forma com que a instituição gerencia os cinco esportes que fazem parte da Confederação — natação, polo aquático, nado sincronizado, saltos ornamentais e maratonas aquáticas — dirigentes de clubes, técnicos e atletas começam a se movimentar para descentralizar as ações da

CBDA. Falta de exposição na mídia, má organização dos campeonatos e poucos recursos para a modalidade são alguns dos problemas apontados que motivaram o polo aquático a buscar uma via alternativa.

O primeiro passo foi dado no último dia 11. Inspirado pela criação bem-sucedida da Liga Nacional de Basquete (LNB), um grupo liderado pelo Pinheiros (SP) e pelo Fluminense (RJ) reuniu-se para debater a formação da Associação Brasileira de Polo Aquático (Abapa). Oitenta por cento dos clubes brasileiros mostraram-se favoráveis a integrar a nova associação.

Ao tomar conhecimento da mobilização, Coaracy Nunes disse que não reconhecerá a criação da Abapa. Em nota, ele afirmou que a CBDA entende que a iniciativa é “ilegal e sem propósito.” E fez questão de frisar que a entidade é a única reconhecida pela Federação Internacional de Natação (Fina) e pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para gerir o polo aquático.

No entendimento do dirigente, a CBDA investe fortemente na modalidade e possui um programa visando as Olimpíadas de Londres-2012 e os Jogos do Rio-2016. A opinião, contudo, diverge da avaliação de técnicos, atletas e clubes. Segundo um dos coordenadores do projeto de formação da Abapa, Luís Eduardo Pinheiro Lima, a intenção não é confrontar a CBDA, mas fortalecer o esporte.

“O polo aquático carece de seu tempo para uma gestão produtiva. Há algum tempo temos problemas diversos, como a falta de apoio e de competições envolvendo clubes de todas as regiões do país”, critica, em nota, Luís Lima. “Em vista disso é que queremos formar uma entidade para planejar as atividades do esporte”, completa. Uma nova assembleia foi convocada para sexta-feira, 8 de abril, e um pedido de reunião de conciliação entre as duas entidades, em 12 de abril, foi feito ao presidente Coaracy.

Por mais de duas décadas
O presidente da CBDA está no comando da entidade desde 1988. Em 2009, Coaracy foi reeleito por mais quatro anos e comandará a Confederação até pelo menos 2013. Serão 25 anos no poder

Iniciativa bem-sucedida
Insatisfeitos com a administração da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), em 2008 os clubes nacionais se movimentaram e criaram a Liga Nacional de Basquete. Em sua terceira edição, o NBB é, hoje, um campeonato consolidado no calendário brasileiro da modalidade

Com o respaldo da lei
A criação de uma Liga de Polo Aquático, ou de qualquer outro esporte, é legal e está prevista na Lei Pelé (nº 9.615/98), no artigo nº 20

Entenda a crise

As insatisfações dos atletas

» Campeonatos curtos e falta de exposição na mídia e de apoio da CBDA
» Competições desorganizadas e de alto custo para os clubes
» Pessoas inexperientes no polo aquático no comando da modalidade

Objetivos da Associação Brasileira de Polo Aquático

» Gestão do polo aquático por uma entidade própria, visando a formação de atletas e organização, realização de eventos e o desenvolvimento técnico da modalidade
» Captação de recursos através das leis de incentivo ao desporto, patrocínios e convênios para a redução dos custos dos clubes

Bronca generalizada

Pessoas ligadas ao esporte dizem que as queixas das equipes do polo aquático se estendem às outras modalidade. Na natação, as regras para participar dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, em outubro, por exemplo, foram divulgadas apenas no último sábado. E a CBDA resolveu considerar como seletiva, além da Tentativa para o Campeonato Mundial, em abril, e do Troféu Maria Lenk, em maio, o Torneio Pan-Pacífico. Acontece que a última competição ocorreu em agosto do ano passado e os atletas não tinham noção de que ela valeria como parâmetro para o Pan do México.

Nos bastidores, comenta-se que os outros esportes aquáticos estão apenas esperando para ver como o polo vai se sair para darem início a um racha geral. Mas para criarem novas ligas, os clubes necessitam ter certeza que não vão acabar prejudicando os próprios atletas. As ligas precisam da aceitação da CBDA para que as competições organizadas por elas sejam reconhecidas pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e pelas Federações Internacionais.

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