A questão da arbitragem no Brasileiro Jr.

"Prezado Clodoaldo,

Tanto seus comentários ,quanto aos do meu irmão, me colocaram naquela situação conhecida como “saia justa”, ficando assim ,na obrigação de responde-lo já que me encontro na posição de Coordenador de Arbitragem da CBDA. No entanto ,antes de dar a minha opinião,aproveito para parabenizá-lo, pois estou vendo que através das suas opiniões sobre arbitragem você não ocupa mais o lugar na arquibancada como simples torcedor, mas sim de uma pessoa com um entendimento mais aprimorado quanto as decisões tomadas pelos árbitros durante uma partida.

Infelizmente, tenho que concordar com você quanto a divergência de alguns árbitros neste Campeonato quanto a aplicação de conceitos das regras estabelecidos pela FINA, que como você bem colocou,leva a uma uniformização de critérios.O que posso garantir é que não faltou orientação da minha parte,mas sim uma falha na aplicação destes conceitos por parte de algum árbitro em determinado jogo.Não que sirva de desculpas ,mas a ausência de praticamente três meses sem jogos oficiais possam ter contribuído para isto.

No final do campeonato ,já tinha conversado com meu irmão sobre isso, e chegamos a conclusão que outros fatores de competência exclusiva dos árbitros podem ter sido determinantes.

Quanto aos critérios em situações em que envolvem as disputas pela bola(vantagem de posse) e pela posição(vantagem de posição) em reunião de arbitragem feita por ocasião da Copa FINA MASCULINA 2010, ficaram inalteráveis os seguintes conceitos:

1- Coibir as jogadas com simulação(principalmente dos jogadores de centro) .

2- Valorizar mais a posse de bola do jogador atacante,isto é, deixar que ele conclua um passe ou chute sem a ajuda da falta.( Principalmente aquele jogador ,fora dos cinco metros,que procura a falta para efetuar o chute)

3- A disputa pela posição no centro não pode favorecer ao jogador atacante que mergulha(submerge),se joga em cima do marcador e o agarra .

A intenção é diminuir assim o numero de faltas de exclusão no centro.

4- A contra falta só deve ser aplicada quando o jogador envolvido estiver participando efetivamente da ação,o que daria a ele uma vantagem de posição ou chute.

5- O jogador ganha mérito pelo que ele produz. Exemplo: O pênalti tem que ser valorizado ,isto é, o jogador tem que procurar uma finalização sem a ajuda do árbitro,mas se não conseguir por estar sendo impedido de qualquer forma, neste caso será concedido o tiro de pênalti.

Voltando ao desempenho dos árbitros neste ultimo fim de semana ,algumas posturas sugeridas por mim e endossadas pelo meu irmão ,e com certeza pelo Diretor Geral de Polo Aquatico, Dr.Jorge Pgura passarão a ser mais cobradas . Estas posturas envolvem diretamente o comportamento do árbitros antes ,durante e após a partida a serem dirigidas por eles.

O primeiro conceito e o mais importante se refere a preparação. Antes de dirigir qualquer partida o árbitro já deve ter em mente os critérios bem definidos que serão adotados, e terão a obrigação de discuti-los antes no início com o seu colega de arbitragem, e se possível passar estas informações com os capitães e ou técnicos. Com estes critérios já bem definidos,o segundo conceito passa ser o daobservação. Os árbitros devem observar o jôgo como um todo,não se limitando aos espaços a onde a bola esteja.É como se fosse um diretor de filmagem que começa trabalhando abrindo bem a lente para ter a idéia geral da cena a ser gravada.No nosso caso, observar todas as situações criadas para dar vantagem,tanto para defesa como para o ataque.Passando a fase da observação,inicia-se a avaliação, e é neste ponto que as intervenções dos árbitros durante o jogo são avaliadas como necessárias ou não.Vale a pena dar uma contra falta sem que o infrator esteja participando efetivamente de uma jogada que já está sendo trabalhada em outra parte do campo?É então que o diretor fecha a lente e escolhe o melhor ângulo para a filmagem.O próximo conceito, é tomar a decisão,usar os milésimos de segundo de velocidade no qual o cérebro funciona,e apertar o botão para parar,ou sejaapitar.É importante também que ao terminar o jogo faça uma avaliação final do que foi feito, seja através de uma auto avaliação ou perguntando para as pessoas que assistiram o jogo.Na FINA os árbitros são avaliados a cada jogo pelo delegado representante do Comitê Técnico, aqui começamos a fazer este trabalho ,tendo como avaliadores,meu irmão Prof. Ricardo Cabral,Prof. Paulo Rogerio e o Dr. Pagura(atual membro do Coonsêlho Técnico daFINA.Como percebemos não é fácil,principalmente neste esporte.Mas se o árbitro se dispõe a fazer, tem que estar preparado para executar a sua função da melhor maneira possível. “Não existe árbitro bom ou ruim,o que existe é o árbitro que foi bem ou mal na partida”

Roberto Cabral

Coordenador de Arbitagem da CBDA"