Chegamos à piscina hoje às 8:00h, pois não sabíamos o caminho e se teria trânsito. Tínhamos marcado com uma pessoa da Espanha para nos entregar os ingressos às 9:00h. Às 9:25h nos ligou para avisar que os ingressos não tinham chegado e que não dava mais tempo dele ir até a entrada. Corremos atrás de uns poucos cambistas que rodavam por ali e conseguimos comprar as entradas por dez vezes o preço original. Sairam por 75 reais cada.Tivemos que jogar fora o lanche que trouxemos para passar pelo controle de segurança. Depois saímos literalmente correndo para chegar à piscina na hora do apito inicial e a tempo de ver o Felipe marcar o primeiro gol destas olimpíadas. Como diz o comercial "Tem coisas que não têm preço". Mas, para ser sincero, o que me emocionou mesmo foi ver o segundo gol, do Kiko. Depois do que ele passou, tendo sido cortado na olimpíada passada, quando já tinha demonstrado ser um dos melhores jogadores da Espanha, e agora neste mês, quando a pancada no olho em um jogo do Europeu quase o tira de novo, poder vê-lo estrear finalmente e com um gol com sua marca pessoal, da posição 5, virando a munheca no final do movimento de chute e cruzando a bola no contra-pé do goleiro, fez lembrar muita coisa.
Voltei no tempo até os treinos no Guanabara no final dos anos 80 com o Carlinhos, os treinos de chute a gol até 23h com o Barriga orientando e o Pará no gol dando força para um moleque magrinho que nunca deixou que sua desvantagem física o fizesse desistir dos objetivos. Se bem que, como o próprio Kiko me falou, isso nunca foi sacrifício e tudo que ele treinou foi sempre com o maior prazer e a consciência do privilégio que é poder fazer um esporte quando tanta gente gostaria e não tem oportunidade.
É melhor parar por aqui se não vou molhar o teclado. O jogo foi tranquilo. A Espanha nunca deu a menor esperança para o Canadá e foi abrindo diferença a cada quarto. O ataque funcionou muito bem, mas a defesa me deixou um pouco preocupado. O centro do Canadá, Nathan Miller, melhorou bastante e cavou 3 expulsões dos dois marcadores de centro antes do final do 3o quarto. Cheguei a pensar que fosse mérito do atacante, mas depois o Felipe foi marcá-lo e simplesmente varreu o cara para fora da área. Sempre mostrando as mãos para que o juiz visse que não estava segurando, ele botou o canadense no bolso. Já os gols de homem a mais do Canadá achei que foram fruto de bom treinamento e melhora sensível na parte técnica dos atacantes. O Molina e o Xavi Garcia, como sempre nos últimos jogos meteram gols lindos de chutes de fora e os centros também jogaram muito bem.
Em seguida, o jogaço: Montenegro e Hungria. Esse time de Montenegro está cada vez melhor. Marcou muito bem o ataque húngaro e defendeu os homens a menos como se tivesse três ou quatro goleiros. pelo menos uns três chutes de pau do gol e uns seis de fora foram defendidos pelos beques. O goleiro também agarrou tudo. Jogou o Stepanovic, teoricamente reserva, mas que o El Cuervo adora e vive dizendo que deveria ser titular. O grande problema da Hungria em um jogo desses é que não tem nenhum grande marcador de centro e justamente Montenegro tem o melhor centro atual, Zlokovic. O resultado é que são obrigados a defender por zona desde o início do ataque e o goleiro fica muito exposto a bolas viradas em chutes de longe.
Torcer contra a Hungria é uma coisa natural. Você vê o aquecimento e os chutes de homem a mais e inconscientemente já a coloca como o time mais forte e passa a torcer pelo "mais fraco". A troca de passes também é feita a uma altura e com uma força que nenhum outro time é capaz, mas no fim do jogo a pequena diferença entre seu goleiro, seus marcadores de centro e seus centros em relação às outras equipes de ponta compensam esse poderio de ataque. Outra coisa que para mim é claríssima é que náo dá mais para o técnico deixar um tempão no banco os irmãos Daniel e Denes Varga. Quando eles entraram, a Hungria saiu da desvantagem para botar três gols de frente. Depois o técnico voltou a colocar o time titular e Montenegro virou de 8 x 5 para 10 x 9, tendo estado muito perto de ganhar o jogo. No final o empate de 10 x 10 foi um resultado justo.
O último jogo foi entre Alemanha e Sérvia. A impressão foi de que a Sérvia está realmente com problemas de concentração. Tanto pelas reações dos jogadores quanto pelo placar no início do jogo. A Alemanha ganhou o primeiro quarto por 3 x 1 e ficou no jogo até 8 x 7 Sérvia, no meio do 4o quarto. Em condições normais isso nunca aconteceria, pois, jogador por jogador e taticamente, a Sérvia é muito superior e sempre ganhou da Alemanha sem precisar suar. O próprio Vujasinovic, veteraníssimo e frio a ponto de chutar de cobertura em homens a mais decisivos, foi expulso definitivo, com direito, no segundo quarto, após dar um soco por fora d´água em um alemão que todo mundo viu. Só não tomou uma expulsão sem direito por que todo juiz o respeita. Fiquei pasmo de ver ele fazer isso numa olimpíada e numa hora que seu time estava perdendo. Também achei os sérvios mal nadados, tendo diversas vezes de trocar o jogador com a bola em jogo, sem aguentar esperar um gol ou o intervalo. A sorte deles é que o jovem centro Pijetlovic estava inspiradíssimo e fez 4 gols seguidos quando perdiam por 3 gols. O time alemão está muito bem treinado fisicamente, mas continua a ser um time que em vez da defesa, o ataque é que é uma zona. Entram três jogadores para o mesmo lado, passam nadando entre o homem que tem a bola e o centro, se debatem, um carnaval. No final umas bolas chutadas fora de hora e a bagunça no ataque alemão permitiram à Sérvia ganhar de 11 x 7.
Pensei em comprar outros ingressos para a parte da tarde, mas tinha uma prova de ciclismo passando em frente à entrada e encheu de policiais, afugentando os cambistas.
Só soube que a Austrália ganhou da Grécia por 12 x 8, confirmando sua ascensão e o mau momento que passa o time grego. No segundo jogo a Croácia ganhou da Itália de 11 x 7 e os USA da China por 8 x 4, como era de se esperar.
Terça-feira, pela manhã, a Espanha pega a Austrália em um jogo decisivo, pois o vencedor praticamente garante um lugar nas quartas de finais e o perdedor fica na obrigação de no mínimo ganhar de Hungria ou Montenegro para continuar sonhando com medalhas. De tarde tem dois jogos importantes também. Itália e Estados Unidos, com a mesma situação de Espanha e Austrália, só que no outro grupo, e Sérvia e Croácia, onde o ganhador deve ser o vencedor do grupo. Haja unha...
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