quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Análise de Ricardo Perrone

"Demos uma boa volta por Pequim hoje. Alguns lugares estavam fechados para últimos retoques e também porque a tocha estã circulando pela cidade. O trãnsito é inacreditavelmente caótico. para um carioca dizer isso vocês podem imaginar o que seja. As bicicletas não resepitam os limites da ciclovia e invadem as avenidas como se fossem moto-boys. Os pedestres atravessam em qualquer lugar e os carros não respeitam sinais nem faixas de pedestre. A única coisa que evita que morram 10 pessoas a cada minuto é que os carros andam relativamente devagar e dá tempo do motorista frear. Em compensação, para quem está de passageiro, é como andar naqueles trens-fantasma dos parques de diversão de antigamente. Um susto a cada 100m.
Mas vamos ao waterpolo. Vou tentar fazer uma análise dos times participantes, as chances de cada um e quais jogadores devem ser mais observados. Para isso, é preciso entender primeiro as táticas básicas de defesa e ataque dos times.
Com a redução do tempo de bola para 30s, todos os times de nível começam a defender um ataque com o defensor do centro adversário marcando-o pela frente e com o resto do time marcando pressão. Quando o centro e seu marcador têm o mesmo nível técnico e físico, o normal é que, quando faltem uns 10s para se esgotar o tempo de ataque, o centro consiga se colocar próximo à linha dos 2m, com o beque entre ele e o goleiro. Nessa hora, para impedir que a bola seja passada ao centro, a defesa muda para uma marcação por zona. O tipo de zona utilizada varia muito conforme os times que estejam se enfrentando e os jogadores que estejam na água no momento. O ataque então decidirá se chuta do perímetro ou tenta passar a bola para o centro para este chute ou consiga uma expulsão. É claro que quanto melhor o jogador de centro, mais cedo ele consegue se posicionar bem e mais tempo terá o ataque para realizar jogadas (por exemplo, entradas de área) que desmontem a zona e possibilitem a pingada no centro ou o chute mais próximo.
Já quando o defensor de centro é muito bom e consegue manter o centro invisível para o ataque ou empurrá-lo para a linha de 4 ou 5m, o ataque não funciona e o tme atacante é obrigado a usar outros recursos, como, por exemplo, o deslocamento do centro para uma das traves e a entrada de um segundo centro ou a utilização de chutes após falta na linha de 5m.
Essa explicação está super resumida e é muito básica, mas é indispensável para que se possa entender o favoritismo de alguns times e até mesmo o que está se passando na televisão, porque o câmera normalmente acompanha a bola e não dá para ver a batalha que está rolando no centro e que define todas as ações dos dois times.
Voltando então à análise dos times, temos cinco favoritos às medalhas, nesta ordem, com uma diferença mínima entre cada um: Croácia, Hungria, Montenegro, Sérvia e Espanha.
A Croácia, campeã mundial no ano passado, aparece em primeiro pela inexistência de pontos fracos. Tem jogadores excepcionais em todas as posições. Um goleiro fantástico, Vican, dois defensores de centro muito fortes, o número 2 Buric (2,05m) e o 3 Buslje (21 anos), dois centros muito técnicos, Hinic número 11 e Smodlaka 7, e vários jogadores de perímetro de altíssimo nível, como o 8 Dogas, o 10 Barac, o 4 Sukno e o 6 Jokovic. Para completar ainda têm um técnico como o Rudic, que foi campeão olímpico pela Iugoslávia e pela Itália e campeão mundial pela Croácia.
A Hungria, como sempre, também tem um timaço, com destaque para os seus jogadores de perímetro, Kasas número 5, Biros 10, Kiss 7, Benedek 8 e Madaras 3. Seus pontos fracos são o goleiro e os dois centros. Estes jogadores são muito bons, mas acho que estão em um nível ligeiramente inferior ao das demais favoritas, o que pode ser decisivo. Por exemplo, no Mundial do ano passado, os marcadores de centro da Croácia enguliram os centros da Hungria e dificultaram muito o seu jogo. Mesmo assim, a partida foi decidida na prorrogação, o que já diz da força da Hungria.
Montenegro é a surpresa que não deveria ser surpresa. Quem poderia esperar que um país criado há 2 ou 3 anos, com 620.000 habitantes (muito menos que Copacabana!), com apenas 5 times na primeira divisão, pudesse já nos primeiros campeonatos disputados atropelar nações tradicionais como Itália, Rússia, Alemanha e outras? Só quem acompanha de perto e já sabia da qualidade dos jogadores e times de lá. O time de Montenegro tem alguns jogadores excepcionais, com o centro número 11 Zlokovic, considerado o melhor do mundo atualmente, os defensores de centro 10 Ivovic e 13 Jokic e os irmãos atacantes 6 N. Janovic e 8 M. Janovic. mas o ponto forte mesmo é seu jogo coletivo e a motivação que estão pela possibilidade de tornar seu novo país conhecido se conseguirem o ouro.
Amanhã ou depois continuo a análise dos times.
Abraços."

Um comentário:

Emir disse...

Simples e preciso. Muito legal as explicações.