Com o início dos Jogos Olímpicos e a transmissão dos jogos, a terceira e última parte da análise que o Ricardo Perrone fez sobre as seleções do masculino acabou não sendo postada. Como ainda estamos na segunda rodada, vale a pena postarmos sua análise das equipes dos EUA, Austrália, Alemanha e China. Sempre lembrando que essa terceira parte foi escrita na sexta-feira, antes da estréia do pólo aquático na Olimpíada.
"O primeiro jogo das Olimpíadas, Espanha x Canadá, é amanhã às 9:30h e até às 23:00h não tínhamos ingressos para os três primeiros dias e para as finais. Estava confiando que o Kiko e Felipe iam arranjar essas entradas com o Comitê Espanhol mas, parecia já impossível. Soubemos que uns espanhóis haviam comprado 2.000 euros em ingressos falsos. Imaginem o que eu estava nervoso. Só agora o Felipe ligou dizendo que tinha conseguido. Falta só encontrar um dirigente espanhol na porta da piscina amanhã.
Para terminar a análise, ainda entre os times que acho que podem surpreender algum dos favoritos mas não devem chegar ao podium, o próximo são os Estados Unidos.
Depois de ser uma das forças mundiais durante décadas, há bastante tempo (desde 88, acho) esse time não chega às finais de Mundiais ou Olimpíadas. A principal razão disso é a falta de uma liga nacional forte, pois seus times sempre tiveram a base em jogadores universitários, que param de jogar logo após a graduação e não chegam à maturidade como atletas, o que ocorre no pólo por volta dos 26 a 28 anos. Enquanto o pólo aquático europeu não era totalmente profissional, os Estados Unidos ainda conseguiram manter-se entre os melhores, mas dos anos 90 para cá, isso se tornou impossível. Para tentar contornar esse problema, seus jogadores de ponta têm sido incentivados a jogar em times europeus e hoje, dos 13 do time, pelo menos 10 jogam ou já jogaram em equipes européias. Parece que o novo técnico, Terry Schroeder, fez um treinamento físico animal para eles, baseado em treinos dos marines, com direito a todas aquelas maluquices que a gente vê em filmes. Se vai resolver, eu não sei, mas o Kiko falou com jogadores que enfrentaram o time deles na Liga Mundial e disseram que estão nadando uma barbaridade e estão fortíssimos. Um problema adicional para os Estados Unidos é que a grande maioria dos juízes são europeus e às vezes dão uma puxadinha para os times com quem têm mais contato e que vão ter mais influência em suas futuras indicações para campeonatos importantes.
O grande destaque do time é o Tony Azevedo, número 8, filho de nosso amigo Rochinha. O que o cara chuta é uma barbaridade. Foi artilheiro do campeonato italiano do ano passado e estava liderando o deste ano até seu time ter um problema financeiro e ele se transferir para um time croata. Muito bons também são o Jeff Powers (do Bogliasco italiano), o centro Ryan Bailey e o canhoto Varellas, que joga no Savona. Não sei os números que jogarão.
O time australiano tem problemas e estilo de jogo bastante similares aos dos americanos. Com muita natação e contra-ataques, já vi eles fazerem jogos excelentes contra as melhores equipes do mundo, para depois entregarem no final por uma pixotada ou erro de marcação infantil. O técnico anterior era também um louco que deixava os jogadores mais antigos furiosos. O novo técnico parece ter arrumado bem melhor o time e eles fizeram uns jogos treinos muito bons contra a Espanha, há dois meses.
Os destaques são o número 4, o brasileiro Pietro Figlioli, filho do ex-recordista mundial de nado de peito, Sílvio Fiolo, Thomas Whalan, jogador do Savona, o 8 Sam McGregor, do Ondarreta, espanhol, e o veterano 10 Gavin Woods, que jogou no Barcelona.
A Alemanha é um time duro, forte, com um goleiro muito bom, Tchigir, mas não acredito que vá muito longe. Seus destaques são o número 6 Politze e o 8, centro, Schwertwitis, que já vimos no Rio em 2004, no pré-olímpico. O time joga meio desordenado (peladeiro) e na raça. Quando o adversário está meio destreinado, mesmo que seja tecnicamente mais forte, isso às vezes dá certo, mas pegando todo mundo super treinado e concentrado, fica faltando algo mais para ganhar os jogos.
Fora desse grupo e como autênticas zebras estão a China, que não conheço nada, mas sempre é o time da casa, e o Canadá, que melhorou assustadoramente, sob a direção do novo técnico sérvio, inclusive empatando com a Itália e ganhando a última vaga para as Olimpíadas da Romênia. Os destaques são o centro Nathan Miller que está jogando no Budva de Montenegro e o número 9 Feltham, que joga na Hungria.
O jogo da morte amanhã é entre Hungria e Montenegro, cujo perdedor já estará com suas possibilidades de chegar em primeiro no grupo seriamente diminuidas. O jogo da Espanha é perigoso, por ser estréia, mas acho que não há o risco da Espanha subestimar o adversário e entrar desconcentrada. Isso poderia acontecer em um campeonato menor, mas em uma Olimpíada todo mundo entra jogando "a muerte", como eles dizem.
Abração "
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