terça-feira, 11 de setembro de 2007

Orientações Básicas

Prezados leitores, aproveitando o encerramento do Campeonato Brasileiro Juvenil, realizado no último final de semana na piscina do CR Flamengo, o prof Paulo Rogério, auxiliar técnico da Seleção Brasileira Adulto nos encaminhou, gentilmente, um texto de sua autoria para ser publicado aqui no TOUCA 14. O prof. Paulo Rogério que esteve presente ao evento assistindo a maioria dos jogos e participando das duas reuniões realizadas, com certeza, viu os que tem chance de estar na pré-convocação da Seleção 91/92 que será divulgada em breve. No texto abaixo, ele transmite algumas orientações aos treinadores em relação ao modo como estes devem avaliar o seu elenco e como devem conduzir seus treinamentos. É evidente que se trata de uma opinião particular, pautada em vários anos de experiência como treinador de clubes e das seleções brasileiras. O conhecimento não ocupa espaço e todos que labutam num universo tão competitivo devem estar sempre procurando se aprimorar e se desenvolver. Sempre existirá alguma coisa nova para aprender. Para encerrar gostaria de deixar o nosso agradecimento ao prof Paulo Rogério pelo texto e incentivar todos os técnicos que façam o mesmo. Nos enviem textos com suas experiências e suas idéias para que possamos juntos ir transmitindo conhecimento a todos que gostam desse esporte.

ORIENTAÇÃO PARA TREINADOR

Por: Paulo Rogério Moraes Rocha

Tanto o técnico novo como veterano devem observar uma série de normas bem definidas. Normas específicas que assegurem um mais amplo e eficiente ensinamento, a correta utilização do tempo e um desenvolvimento consistente do rendimento.

As seguintes "regras" são aplicadas em todos os níveis do pólo aquático.

FILOSOFIA: que tipo de sistema ofensivo e defensivo você irá aplicar? Não espere até o 1º treino para decidir se vai utilizar uma defesa de zona, pressão ou etc. Determine, tão logo o possa; assim você estará totalmente preparado quando chegar o 1º dia de treinamento.

O primeiro ano em um novo clube pode trazer um problema. Não conhecendo o elenco, você não pode conhecer suas aptidões. Depois do 1º ano você saberá como eles se amoldam dentro de sua filosofia.

Tão logo haja decidido seus sistemas de defesa e de ataque, insista neles. Não troque na metade do campeonato.

Repentinas trocas causam incerteza e podem provocar a perda de confiança no que estão fazendo. Portanto, pode-se corrigir ou reformar alguns aspectos para partidas especiais, porém, uma vez que tenha resolvido seus sistemas, não mais os troque.

SEJA ORGANIZADO: você não pode ter êxito se não está bem organizado tanto para treinos como para jogos. Leve a cabo um cronograma de cada treinamento, dando um tempo específico a todas as fases que queira cobrir. Mantenha seu programa. Se você estipulou 20 minutos para um exercício defensivo não se exceda. Estará roubando tempo a outro aspecto igualmente importante. Se determinado exercício não é realizado a contento, programe-o com igual tempo para o próximo treino ou ainda mais, se outras fases do treinamento prosseguem satisfatoriamente. Dirija o treino ativamente, passando de uma fase para outra sem demora, o que manterá vivo o interesse e entusiasmo dos jogadores.

EXERCICIOS DE FUNDAMENTOS: faça-os executarem os exercícios apropriados e rapidamente. Advertência: rapidamente não quer dizer precipitadamente. Significa realizá-lo velozmente, porém com eficiência. De nenhuma maneira se realiza exercícios somente para encher o tempo do treinamento. Decomponha o sistema de ataque e defesa em seus componentes e arme os exercícios com uma ou mais destas partes importantes.

Em resumo, sempre tenha os jogadores praticando os movimentos e chutes que lhes são comuns em um jogo.

É melhor treinar uns poucos e bons exercícios apropriados e energicamente que ter um grande sortimento deles somente pelo fato de ocupar tempo de treinamento.

JOGUE O JOGO COM SIMPLICIDADE: não complique as coisas. Explique tudo com precisão e simplicidade e assegure-se de que os jogadores o compreenderam. É melhor fazer bem poucas coisas que muitas mal.

CONDICIONAMENTO: crie a consciência em seus jogadores de que seu maior inimigo não é o adversário, mas sim a fadiga, e que o único meio de manter este inimigo acorrentado é desenvolver e manter a condição física. A fadiga causa a perda de concentração e uma pronunciada redução da eficiência. Próximo ao fim de uma partida ou de um treino muito intenso é fácil observar que os jogadores realizam esforços para se manterem concentrados à medida que começam a sentir-se cansados.

CONDUTA FORA DA PISCINA: o que o jogador faz fora da piscina é, via de regra, tão importante como o que faz dentro. Os maus hábitos podem destruir tudo o que se consegue no treinamento e o técnico devem tratar de exercer algum tipo de controle sobre os jogadores, particularmente com aqueles mais difíceis.

JOGO DE EQUIPE: uma permanente predisposição ao esforço dentro de uma dedicação total à equipe é o que realmente vale, não o individualismo. Enfatizar que o pólo aquático demanda cooperação e jogo de equipe e que sem isto acontece o caos. Ninguém deve entrar na piscina com a mente posta somente no ataque. Os jogadores e equipes importantes têm em conta ambos os aspectos do jogo (ataque e defesa).

A estrela individualista deve prazerosamente sublimar-se em proveito da equipe. Em sua função de técnico você deve fazer o impossível para incentivar o jogo de equipe. O jogador que faz três gols em uma partida não necessita de motivação. Pode-se estimular os outros jogadores fazendo-os jogarem dentro de algum sistema de pressão e estabelecendo algum tipo de prêmio para suas virtudes defensivas, recuperação de bola, etc.
É magnífico ter um grande artilheiro na equipe. Porém é muito melhor ter treze jogadores que joguem em conjunto e se sacrifiquem um pelo outro em beneficio da equipe, compensando freqüentemente as deficiências físicas.

2 comentários:

Marcelo Hazan disse...

Excelente texto de um grande conhecedor do pólo ,que é o beiçola, e que transcede o pólo aquático e serve como lição de vida!
Marcelo Hazan!

Anônimo disse...

Espetacular o texto do Paulo Rogerio!
Eu sou da Bahia, e gostaria de uma entrevista com ele, e quem sabe com os outros tecnicos tambem, gostaria de saber dele, quais os criterios para na selecao brasileira adulta? Sao os melhores que estao la mesmo? Quantos titulos Nacionais e internacional ele e os outros tecnicos tem?
Um abraço
Léo