O fim do pólo aquático ? (Parte 2)

Hoje, coloco em discussão a necessidade do pólo aquático brasileiro ter como primeira instância de administração as federações estaduais, em função da alegada "falência da FARJ" e da solicitação de apresentarmos sugestões para tal falência.

Por que discutir esse tema ?

Nota-se que o Pólo Aquático, em nível estadual, só tem campeonatos no Rio de Janeiro e em São Paulo, além dos torneios administrados pelo pessoal do Nordeste (Hélcio e Cia.), que ocorrem principalmente no Ceará, na Paraíba, em Sergipe e na Bahia, sem o apoio de suas federações. Observa-se que "existem" 19 federações que mantém a diretoria/divisão/seção de pólo aquático, mas nem a metade realmente mantém esse setor em atividade. Um exemplo é o estado de Minas Gerais, que apresenta um clube de ponta na natação, o Minas Tênis Clube, que não tem nenhuma atividade relacionada com pólo aquático. Portanto, tenho certeza de que para a federação daquele estado, não haverá nenhuma restrição (financeira, administrativa e política) para a desvinculação do pólo da Federação Mineira de Natação para a CBDA. Claro que vão ser levantados inúmeros obstáculos para a defesa dessa estrutura arcaica e sem utilidade, mas lembro que até a década de 70 do século passado, todos os esportes eram ligados a CBD (Confederação Brasileira de Desportos). Então, temos que ser realistas e aceitar que o pólo aquático não apresenta uma estrutura para ser divida em federações e confederação, que só causa mais custos. Portanto, é necessário apenas o comando de uma entidade nacional, no caso a CBDA ou então a criação de uma Associação Brasileira de Pólo Aquático, nos moldes da Associação Brasileira de Hóquei sobre Grama e Indoor, que se desvinculou da Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação, ambas filiadas ao COB - Comitê Olímpico Brasileiro. O interessante é que a Associação Brasileira de Hóquei sobre Grama e Indoor, recém-formada, recebeu mais recursos públicos que a Confedração Brasileira de Hóquei e Patinação. Portanto, para o crescimento do hóquei, não houve obstáculos para a criação desta Associação. Por que não fazer o mesmo com o pólo?

Em decorrência de um comando unificado para todo o pólo aquático brasileiro, teríamos as seguintes mudanças:

- Quanto ao custo de local de prova, devemos lembrar que, no âmbito do Rio de Janeiro, as competições são sempre realizadas nos clubes. Quando levantada a hipótese da competição ser realizada no Parque Aquático Júlio Delamare, a resposta é sempre que o custo é muito alto, devido a vários anexos, como Corpo de Bombeiros, ambulância, Guarda-Vidas, etc. Então, não haverá aumento de custos com a transposição de federação para CBDA;

- A confecção de um modelo só de súmula das partidas e de todos os procedimentos administrativos, que terão redução de custos de emissão e confecção. A prestação de contas e todos os custos decorrentes desta serão reduzidos, pela existênica de uma só instância para a prestação de contas, junto ao TCU. No caso das compras, um melhor preço por parte dos fornecedores, tendo em vista a maior demanda dos produtos;

- A uniformização dos árbitros, com a criação de um quadro geral, além da possibilidade de aumento do pagamento destes e dos outros envolvidos com as partidas: pessoal de apoio, mesários e cronomentistas, acompanhada da criação de uma comissão que acompanhe e fiscalize o nível dos árbitros, com a participação de técnicos, diretores de clubes e dirigentes da CBDA;

- A terceirização ou "doação" através de comodato dos placares existentes, que passariam a pertencer aos clubes, sendo estes responsáveis pela manutenção e utilização durante os jogos. Isso atenderá uma aspiração geral dos técnicos de treinarem com o placar e o placar de 30 segundos. É obvio que os clubes que possuem patrocínio e os com grande quadro associativo serão atendidos somente no final, ou como acreditamos que adquirirão antes desse prazo;

- Elaboração do orçamento e calendário até o mês de setembro do ano anterior: com valor orçamentário e datas dos campeonatos a nível nacional. A partir deste orçamento, os clubes do Rio de Janeiro e de São Paulo seriam responsáveis pela elaboração dos campeonatos estaduais, com despesas dentro do orçamento pré-aprovado;

- A comunicação de todos os processos seria feita via Internet, através de e-mail, MSN, Web Cam, Vídeo Conferência, telefonia fixa e celular. Com isso, teremos a redução de custos de viagens para resolver assuntos que,com certeza, poderiam ser resolvidos através de alguma mídia acima mencionada, proporcionando maior rapidez nas decisões;

- A busca junto ao meio do pólo aquático de empresários dispostos a investir, tendo como reciprocidade o marketing espotivo e o incentivo fiscal;

- A cobrança de taxas nos campeonatos estaduais até a categoria juvenil, isto porque nas categorias júnior e adulto temos competições internacionais, que a cada degrau que subimos, reverte em mais verbas federais. Que tal o pagamento anual de uma taxa de inscrição de jogador por categoria. Se o jogador competir em mais de uma categoria, é obvio que pagará duas taxas e assim por diante. Acabaríamos também com a medida antipática de que se o atleta jogou por um clube, só pode jogar em outro clube no ano seguinte. Uma taxa um pouco mais "elevada" em termos e o jogador poderia jogar imediatamente em outro clube. Além do que, a participação de jogadores estrangeiros em todas as categorias seria ilimitada, desde que seja paga a taxa de incentivo ao jogador de base brasileiro, que ao término da categoria júnior enfrenta dificuldades para achar algum clube para competir na categoria adulta. Os clubes também teriam que pagar uma taxa para cada competição, sendo isento o clube que cedesse suas instalações para esta mesma (baseado em sugestão do professor Antônio Canetti, técnico do Flamengo).

Essas sugestões são baseadas em processos que ocorrem em grandes empresas nacionais e empresas brasileiras adquiridas por multinacionais. Todos acham que não vai dar certo ou contestam, e no final, realmente tornam as empresas mais profissionais, rentáveis e focadas nos seus objetivos.