sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Olímpicos receberam R$ 635 milhões dos cofres públicos, em dois anos

Postagem do blog do José Cruz inserido no site: www.uol.com.br - 31/10/2011 às 10;24 horas.

O esporte olímpico brasileiro – terceiro lugar nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara – foi contemplado com R$ 635 milhões, entre dezembro de 2009 e outubro de 2011. Tomei por base os dois últimos anos porque foi quando o Ministério do Esporte abriu as torneiras de seu orçamento.

A principal fonte – R$ 320 milhões – que turbinou os olímpicos é dos patrocinadores. São sete estatais investindo em 19 modalidades: Banco do Brasil, Caixa, Infraero, Petrobras, Casa da Moeda, Eletrobrás e Correios. Ao atletismo, a Caixa repassou R$ 10 milhões em 2010 e R$ 15 milhões este ano. Para a vôlei, futsal, tênis e vela o Banco do Brasil reserva R$ 60 milhões anuais.

Lei Piva

Outros R$ 251 milhões vêm das loterias federais (Lei Piva), sendo R$ 143 milhões, em 2010, e R$ 108 milhões até setembro deste ano. Em torno de 40% desse recurso é rateado entre as confederações olímpicas.

Lei de Incentivo

Já a Lei de Incentivo ao Esporte recheou os cofres do esporte com R$ 34,4 milhões, entre janeiro de 2010 e outubro de 2011. O Esporte Clube Pinheiros, de São Paulo, é o principal captador para a formação de sua equipe olímpica: R$ 9,6 milhões, seguido pelo Minas Tênis Clube, de Belo Horizonte, com R$ 6 milhões, outra importantíssima entidade formadora e fornecedora de atletas olímpicos.

Entre as confederações, a de Judô captou R$ 6,3 milhões, seguido da Confederação de Desportos Aquáticos, com R$ 6,1 milhões. Golfe, rugby, tênis, tênis de mesa e hipismo também usaram a Lei de Incentivo ao Esporte para turbinar seus projetos.

Já o Basquete, que recebe R$ 11 milhões anuais de patrocínio da Eletrobras, conseguiu R$ 2,8 milhões na Lei de Incentivo ao Esporte, enquanto o COB captou R$ 2,9 milhões.

Convênios

Como se essa dinheirama não fosse suficiente, o Ministério do Esporte também abriu os cofres.

E lá se foram mais R$ 32 milhões, em dois anos, sendo R$ 14 milhões apenas para o Comitê Olímpico. A confederação de Basquete pegou mais R$ 2,1 milhões, o mesmo valor entregue à Confederação de Desportos Aquáticos. Tênis, hipismo, tênis de mesa, entre outras, também foram contempladas pela generosidade do ex-ministro Orlando Silva.

Dúvida

Será que, quando abre os cofres, o Ministério do Esporte considera as outras ricas fontes de financiamento às confederações desportivas?

Será que técnicos do Ministério do Esporte visitam as sedes das entidades contempladas para ver se os projetos estão em andamento? No Segundo Tempo não fizeram isso e a corrupção comeu solta. Virou caso de Polícia e derrubou um ministro!

Estado provedor

É fácil constatar que o Estado tornou-se o grande financiador do esporte de rendimento nacional. O que em outros países é feito pela iniciativa privada, aqui é o cofre público que supre as necessidades da elite do esporte.

E a evolução é ficar “apenas” 10 medalhas de ouro distante de Cuba, nos Jogos Pan-Americanos, país que tem a mesma extensão territorial e população de Pernambuco? Show!

Certeza

Diante das dúvidas ficam certezas:

Não falta dinheiro ao esporte. Faltam – digo isso sempre que escrevo sobre o assunto – prioridades e metas e, principalmente, uma política de massificação e que inclua a escola no contexto do esporte nacional.

Falta cumprir o artigo 217 da Constituição, “esporte é um direito de todos”— e não de uma elite, como acontece há anos.

Mais: o Ministério do Esporte não tem controle sobre o total de grana que é injetada no esporte de rendimento;

Nove anos depois de o PCdoB ter assumido o comando do Ministério do Esporte há fartura de dinheiro público – que faltou na era FHC, Itamar, Collor, Sarney etc.

Mas não temos a gestão centralizada da grana, o que sugere o desperdício com duplicidade de ações.

Clubes, confederações e Comitê Olímpico recebem de variadas fontes para os mesmos fins. Com certeza os atletas são os mesmos, o que sugere investigar se o dinheiro está sendo, efetivamente, usado para a atividade que é requerida.

Exemplo real

Solonei Rocha da Silva, que ganhou a maratona pan-americana em Guadalajara, é fruto de uma política de formação de fundistas da Confederação Brasileira de Atletismo?

Não! Solonei, campeão, era lixeiro e explorou sua resistência nesse ofício para se tornar atleta.

Enfim...

Mesmo com tanto dinheiro, a turma beneficiada não se mobilizou para manter Orlando Silva na cadeira de ministro. Sinal de que a coisa estava muito feia...

Mas, com certeza, na posse de Aldo Rebelo, hoje, os cartolas estarão no Ministério do Esporte dando abraços e tapinhas nas costas. Depois, na sala ao lado, vão sorrir e esfregar as mãos, esperando pela liberação do próximo convênio.


Há 31 anos vejo este filme, chato, cínico e dispendioso para os nossos bolsos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Realmente dinheiro nao falta. creio eu que ele e' mal administrado e sem controle de sua distribuicao. caso claro e mostrado foi a caida do ministro dos esportes. ja que acredito que ele estava boiando no que acontecia e o que fazia neste cargo.so para dar um exemplo. Bolsa atleta.. varios atletas que nao comparecem aos treinos recebem esta grana. quem fiscaliza isto? ninguem. a maior zona.. imaginem o que rola sem a gennte saber.

Anônimo disse...

o cara vê esse filme a 31 anos e só reclama e não faz nada. ou tem medo de fazer algo ou então é um desses críticos de plantão esperando os 15 minutos de fama.