sábado, 15 de outubro de 2011

Jogos Pan-americanos: ufanismo ou realidade? - Depoimento de um ex-atleta da natação

Abaixo depoimento de ex-atleta da natação que coloca com precisa independência e coragem o que é realmente os jogos panamericanos:

O hoje advogado e pós-graduado em Comércio Exterior e Direito Esportivo, Alan Pessotti foi atleta de natação, integrando a delegação brasileira em várias competições internacionais. Capixaba, ele nadou pelo Vasco, Flamengo e na Itália. Especialista nos 100m peito, o auge de sua carreira foi entre 1996 e 2000, uma época em que a limitação dos recursos para o esporte contrasta com a fartura de agora.

A partir de um comentário sobre a realização dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, sugeri que Pessotti escrevesse sobre a importância do evento para o nosso contexto esportivo. O texto está a seguir, e o autor aborda o que aqui muito se discute: a pressão dos cartolas, as cobranças de clubes e patrocinadores, o ufanismo da imprensa diante de eventos nem sempre expressivos e, também, a “meritrocracia” usada pelo COB para a distribuição dos recursos da Lei Piva.

Confiram o texto:

Estive nos Jogos Pan-americanos de Winnipeg em 1999 como atleta da natação. Voltei sem medalha, pois tive uma contusão na virilha, durante a fase de aclimatação, nos Estados Unidos.

Na ocasião, era atleta do Flamengo e fazíamos nove sessões semanais de treinos. Já na tal aclimatação passamos para 12, o que certamente causou a minha contusão. Aliás, estávamos lá gastando a verba do COB sem a mínima necessidade, pois não havia um fuso-horário considerável.

Mas o que uma mera contusão tem a ver com a real importância dos Jogos Pan-americanos? Tudo. Ela tem a ver com a pressão colocada pela Confederação nos treinadores por resultados (o que fez com que meu técnico se equivocasse na parte final do treinamento). Os clubes pressionavam os atletas para demonstrar seu poderio perante os rivais em um hipotético quadro de medalhas clubístico, enquanto o COB pressionava as Confederações. E hoje a situação deve estar ainda pior, pois um dos critérios para a distribuição de verbas públicas é o rendimento de cada modalidade no Pan.

Na época, minha preferência era ter participado das Universíades, competição muito mais forte e de nível realmente de altíssimo nível, perdendo em importância apenas para Olimpíadas e Mundial em piscina longa. Mas isto era impensável estando atrelado a um clube e submetido a vaidades de treinadores e dirigentes em uma época de disputas acirradas nos esportes olímpicos entre Vasco e Flamengo.

É bom sermos campeões, o povo gosta de ver o Brasil vencendo. Dá muito mais audiência um brasileiro vencendo uma competição de nível duvidoso do que sendo finalista em um campeonato mundial.

Mas falta ética para a grande parte da imprensa. No afã de maximizar os feitos brasileiros no Pan, simplesmente "esquece" de dizer quem são os adversários e, principalmente, quais adversários não estavam presentes.

Muitas vezes falta ética também aos próprios atletas e treinadores, que omitem à imprensa e patrocinadores a real amplitude das vitórias. O resultado deste ciclo vicioso é uma série de desculpas esfarrapadas nas Olimpíadas. Afinal, para quem era um fenômeno como virou um atleta normal em um ano?

A televisão, em maior grau dentre os veículos de comunicação, prima pelo ufanismo nacionalista e chega ao ponto de criar eventos pré-formatados para que o Brasil vença. De que vale um "Mundialito de Beach Soccer", "Jogos Mundiais de Verão", "Short Triathlon", "Desafio Internacional de Bolinha de Gude"? A resposta é muito simples: para o narrador poder chegar ao clímax berrando É DO BRASIL!!!!!!!!

Pão e circo? O pão no Brasil atual é equivalente às "bolsas" que o governo dá à população carente e o circo hoje é o esporte. Simples assim.

Alan Pessotti, 38 anos, é o atual recordista sul-americano master dos 50m e 100m peito, 100m medley, 4x50m livre e 4x50m medley; e 1º do ranking mundial master, em 2006, 2007 e 2008.

postagem do blog do José Cruz no site:www.uol.com.br de 13/10/2011 às 22h15 min.

13 comentários:

Anônimo disse...

dia 18 chega ao brasil , o time 94 do flu. ficou 14 dias em florença (italia)fazendo intercambio com varios times que estão nas primeiras posições do campeonato . parabens a diretoria pela iniciativa para nossos futuros jogadores da seleção principal especialmente o carlinhos que pensa a longo prazo.

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkk. pensa a longo Prazo?

Anônimo disse...

Não entendi,qual é o mal que o COB faz em pressionar os atletas por medalhas no Pan. Os atletas vão competir ou passear?

Anônimo disse...

por isso ja levou junto com sua equipe um atleta do flamengo tb...O q sera q ele esta pensando ????

Anônimo disse...

Lamento discordar do ilustre amigo. Não o conheço, mas em todo caso privamos de ter defendido as cores do mesmo clube e do país, Brasil.

Estive em dois (2) Jogos Pan Americanos: Porto Rico (79) e Caracas (83) e posso assegurar que a experiência vivenciada foi de grande valia para nosso desenvolvimento como equipe.

Os Jogos são bastante disputados, e não pode prosperar uma visão apenas utilitarista, pois o eixo panamericano do esporte também possui suas características, e merece especial enfoque e tratamento.

O que dizer então das expressivas vitórias do basquete em Indianápolis sobre os EUA; do Polo-aquático em 1963 (SP) 4º lugar em Caracas, 3º Lugar em Indianápolis e 2º Lugar em Buenos Aires e Brasil.

Afora os feitos que alavancaram inúmeros atletas individuais no judô, natação, ginástica, servindo de nascedouro para vigorosas carreiras individuais e em equipe.

Sou muito grato aos Jogos Panamericanos, e me ufano sim de ter participado de 2 deles, tive a oportunidade de não apenas amadurecer no esporte, como culturalmente.

Sem desmerecer as vississitudes vivenciadas pelo ilustre parceiro atleta, a quem homenageio.

Deixo aqui as minhas considerações.

André Nicolas de Campos
Goleiro da Seleção Water Polo
Panamericanos 79 e 83

Anônimo disse...

Lamento discordar do ilustre amigo. Não o conheço, mas em todo caso privamos de ter defendido as cores do mesmo clube e do país, Brasil.

Estive em dois (2) Jogos Pan Americanos: Porto Rico (79) e Caracas (83) e posso assegurar que a experiência vivenciada foi de grande valia para nosso desenvolvimento como equipe.

Os Jogos são bastante disputados, e não pode prosperar uma visão apenas utilitarista, pois o eixo panamericano do esporte também possui suas características, e merece especial enfoque e tratamento.

O que dizer então das expressivas vitórias do basquete em Indianápolis sobre os EUA; do Polo-aquático em 1963 (SP) 4º lugar em Caracas, 3º Lugar em Indianápolis e 2º Lugar em Buenos Aires e Brasil.

Afora os feitos que alavancaram inúmeros atletas individuais no judô, natação, ginástica, servindo de nascedouro para vigorosas carreiras individuais e em equipe.

Sou muito grato aos Jogos Panamericanos, e me ufano sim de ter participado de 2 deles, tive a oportunidade de não apenas amadurecer no esporte, como culturalmente.

Sem desmerecer as vicissitudes vivenciadas pelo ilustre parceiro atleta, a quem homenageio.

Deixo aqui as minhas considerações.

André Nicolas de Campos
Goleiro da Seleção Water Polo
Panamericanos 79 e 83

(TEXTO refeito com ERRATA, "vississitudes" por "vicissitudes"
sds.

Anônimo disse...

André parabéns pelo seu texto. Acho que só quem não tem oportunidade de vivenciar ou que teve frustradas suas expectativas, talvez super dimensionadas, pode desmerecer uma competição dessa natureza. Espero que os atletas que lá estiverem representando o Brasil pensem e ajam dessa forma.

Anônimo disse...

André o que esse cara colocou é papo de perdedor. tá no perfil de muitos que existem por aí que só sabem reclamar e pouco fazem. o cara disse que foi pressionado, que fez aclimatação,que teve que treinar muito, que se machucou, que a mídia é culpada... parece um muro das lamentações. devia tomar vergonha e não dar mau exemplo. Não quer pressão fica em casa no colinho da vovó. Ele esqueceu de falar dos outros que fizeram a mesma coisa e se deram bem. Fui......

Anônimo disse...

O artigo e´muito bom, a real do esporte brasileiro. Tirando voley, fut e mais 1 ou 2 esportes , o que conta sao as medalhas ganhas nas olimpiadas , e nao competiçoes contra Honduras , Guatemala ou Bolivia ( com tudo o respeito ).

Anônimo disse...

cade a comisao de arbitragem da cbda ,com Patelli e Raul Aamaya ,isto nao vai mudar nunca ja foram nomeados e tudo continua o mesmo irmaos metralhas vamos mudar

Anônimo disse...

se o flu jogou com os melhores do mundo,então o brasil está muito bem no polo,ganhamos de 17 a 2 dos italianos,q venha a hungria!!!!!
pensar a longo prazo????como assim????contratar a longo prazo por 350 reais,ajudando a acabar com o ttc tudo bem...Parabéns ao guilherme do flamengo,vitor e rafinha que vieram do ttc e aos outros meninos que completam a equipe titular...pensar a longo prazo kkkkkkkk

Anônimo disse...

André, é verdade que o Bernardo também está indo pro Flu ?

Anônimo disse...

Caro Anônimo;

Parafrazeando o meu sogro, que diz com muita propriedade que "perdedor não dá entrevista", devo dizer-lhe que "anônimo também não dá".

hahahahhahahahahahhhahahh

Bem, vc. assim como outros deve saber que o Bernardo (filho) saiu do Tijuca T.C. consagrado CAMPEÃO BRASILEIRO JUVENIL, superando equipes paulistas e do Rio (dentre eles o próprio Flu).

Indagaram-nos inúmeras pessoas se a ida dele dar-se-ia por "razões financeiras". Bem, o Bernardo está lá, ganhando títulos, assim como fizemos nós no passado, honrando o clube e a instituição, e não temos pretensões financeiras (não pedimos nada ao clube, pois achamos que não é a idade para tanto).

O que exigimos é que o Clube invista (viagens, torneios, preparação, transporte) e nisso, temos sido atendidos.

Lá em casa quem decide são os próprios concernidos, sendo o meu aconselhamento meramente INDICATIVO, e não determinante. Tem sido assim com meus 2 filhos, e será também com a Mary.

Todos sabem que já joguei no Flu, e tive a independência para dali sair (abdicando da benemerência), para trilhar a carreira vitoriosa no Glorioso Alvinegro, onde joguei com o Carlinhos, Solon, Silvio Manfredi, Su; e depois ir para o Flamengo sagrando o clube Campeão Estadual após um jejum de 40 (quarenta) anos.

Deixei amigos por onde passei, e ainda aos 45 anos fui treinar no Tijuca, com meu filho André e acabei sendo solicitado pelo amigo Paulo Rogério, então técnico, para jogar o Brasileiro. Lá fui eu, 10 (dez) anos após completamente alijado do esporte, jogar com uma equipe nova e tirar 6º lugar no Brasileiro.

Essa é a nossa história. O Bernardo saiu-se até melhor que o pai, e é por isso que hoje eu sou apenas um fã, de arquibancada, e de carteirinha. Esteja onde ele estiver, de preferência feliz e honrando a equipe, os amigos e sobretudo o compromisso assumido.

Sds